Programa Oguntec promove formação com doutora Nazaré Lima

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Programa Oguntec promove formação com doutora Nazaré Lima

Programa Oguntec promove formação com doutora Nazaré Lima


“Um momento importante de formação”, essa foi a avaliação da coordenadora Pedagógica do Programa Oguntec, do Instituto Cultural Steve Biko, Cristina Santos, sobre a formação para monitores e professores do programa, realizada na manhã do último sábado, 20. O momento contou com o direcionamento da professora doutora Nazaré Lima, com o tema em “Processos formativos de professores(as)/monitores/as: ensino-aprendizagem em conexões com a juventude negra de comunidades periféricas da Bahia”.

Ainda de acordo com a coordenadora, trata-se de “um processo de integração tanto de professores, quanto monitores para poder trabalhar questões raciais, a construção dentro das comunidades periféricas e além muros, tanto em Salvador quanto no interior do estado. Então promover uma formação com uma pesquisadora de grande importância como Nazaré Lima é um processo de ganho, pois existe uma historicidade e experiência que a professora Nazaré tem da comunidade e nós acreditamos que pode ser alinhado com todo esse contexto formativo que os monitores e professores vêm estabelecendo juntamente com uma juventude negra no Programa Oguntec”, reforçou Cristina Santos.

Na visão do idealizador do Programa Oguntec e diretor Executivo do Instituto Steve Biko, Lázaro Cunha, sempre há uma satisfação quando acontece esses encontros, uma vez que é sempre uma oportunidade de conexão. “É satisfação ter essa transmissão e retransmissão e reconexão entre quem está chegando e quem já está no processo. Pois para estar dentro da sala de aula e enfrentar todo esse desafio temos que ter uma prova de energia para o desafio que teremos. É muito difícil, a ideia que a gente deve continuar fazendo, pois, nosso povo não merece qualquer coisa. Então, vamos continuar fazendo o melhor”.

 

 

 

Para a doutora Nazaré Lima, que tem uma larga trajetória na educação e nos movimentos antirracistas e sociais baianos, o Instituto Steve Biko sempre esteve no protagonismo e é um referencial para a comunidade negra baiana e brasileira.

“Eu fiz meu trabalho de movimento antirracista na educação dentro da Steve Biko e nós, que passamos pela universidade, começamos a ajudar outros negros/as a também ingressarem na universidade. A Biko para mim é uma organização muito importante e quando ela me convida para vir conversar com os educadores que estão nas escolas, fazendo esse trabalho do Oguntec, é uma honra, só alegria, só prazer. Eu trouxe meu corpo para cá e, como diz Milton Santos, o corpo representa, nosso corpo negro tem um significado muito forte. O meu, como esse corpo negro quase ancestral vivo, é um exemplo também para quem está começando a ser. Me sinto duplamente honrada, porque isso também me honra muito, ser um espelho para os que estão na luta chegando dentro desse espaço, ainda mais para mim que estou saindo. Eu acho que é uma conversa boa, é um diálogo bom entre gerações, e me renova, me ajuda e me alegra”, afirmou Nazaré Lima.

A professora doutora convidada para a formação, Eliane Cavalleiro acredita que “a partir do olhar de quem está em sala de aula e no contato direto com os alunos e alunas, o encontro foi de suma importância para aprofundarmos nossas análises sobre como os estudantes jovens.

são afetados pelo racismo e seus derivados no cotidiano escolar. Durante as discussões, pudemos observar que o impacto do racismo vai além das interações diárias e se estendem para a trajetória acadêmica desses alunos e alunas. E assim o ambiente discriminatório não apenas compromete o bem-estar emocional e psicológico dos estudantes, mas também afeta significativamente suas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de conhecimento”.         

A professora da disciplina de CCN/História do Brasil, Gleissia Santos, que é oriunda do Quilombo Educacional Ilha, localizado na Ilha de Itaparica, fala do valor da educação na vida de jovens negras e negros e como um elemento de superação do racismo. "Muitos estudantes não se reconhecem, não entende a importância da disciplina Cidadania e Consciência Negra (CCN) e isso é parte da construção cotidiana do racismo. É um processo, mas eles têm que aprender e compreender também, a partir de uma aprendizagem significativa. Eu sempre gosto muito de trabalhar a história com as outras disciplinas e reconhecendo também os marcos temporais, a partir desse lugar no cotidiano para que eles compreendam, enquanto sujeitos históricos, que podem ressignificar as suas percepções sobre o mundo como também suas percepções sobre si. É difícil, mas é possível a gente ir criando o nosso melhor através da educação", reforçou a professora.                                                                       

Na oportunidade, os monitores apresentaram suas percepções sobre o trabalho com os jovens nas escolas. “Eu percebo, que no caso do Colégio Oceano, mesmo com elevada participação dos estudantes na sala de aula, eles ainda necessitam de mais entendimento acerca das questões raciais. E aí está o meu desafio, de trabalhar essa questão com eles, do porquê de ser importante a disciplina Cidadania e Consciência Negra (CCN), porque é uma turma jovem muito, que não se identificam essa questão como sendo a deles, o que é muito complicado”, contou Marilia Santana, monitora de letras do Colégio Oceano, na Ilha de Itaparica.

Umas das características importantes do Programa Oguntec, além de possibilitar a entrada de jovens negros e negras em universidades, também traz a estes jovens oportunidades no mercado de trabalho. Um exemplo disso é a monitora Samara, estudante do programa no biênio 2022-2023, ingressou na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no curso de letras e também atua no quadro de monitoria do Oguntec. “Estou atuando como monitora no Colégio Estadual Alberto Valença e ressalto a importância dessa roda de conversa e, a partir dela, poder passar toda essa história para os alunos”, reforçou Samara.

Luana Lopes também é um exemplo de oportunização do Oguntec, pois trabalhou na monitoria de Portugues, no Colégio Estadual Alberto Valença, no Retiro, e agora atua como assistente da coordenação do programa. Ela relata: "As formações do Programa Oguntec são importantes porque conseguem melhorar ainda mais sua atuação e ir em pontos certeiros. Ter esses encontros tem uma iniciativa do programa para que possamos ajustar e melhorar as nossas práticas, entender os desafios, entraves e benefícios da educação pública e, a partir daí, construir um pilar forte e coletivo para que o curso siga dando êxito e mudando vidas".

 

                                        

                                                                                                        Imagens Ascom Steve Biko  

                                                                                                             

Para o coordenador de Tecnologias Educacionais do Programa Oguntec, Paulo Mendes, o encontro foi rico e de trocas de conhecimentos. “O encontro de hoje foi profícuo, rico em aprendizagens coletivas e significativas, proporcionou múltiplas reflexões acerca dos desafios e potencialidades vivenciados e exercidos pela juventude negra das comunidades periféricas de Salvador, Região Metropolitana e Recôncavo qual fazem parte nossos estudantes”.

Paulo reforça que, para o sucesso do trabalho em equipe, o importante é “se basear no princípio de que as verdades do presente, podem dar voz ao passado e possibilitar ao futuro uma nova construção, tendo como finalidade a melhoria contínua dos nossos processos formativos, voltados para os/as nossos/as alunos/as com a missão de oportunizar o ensino de qualidade, bem como o ingresso do povo negro e periférico nas universidades públicas do País, através do estabelecimento de um processo educacional horizontal, pois, como disse Paulo Freire, “não existe docência sem discência”. As histórias de vida e os sonhos dos nossos estudantes nos guiam todos os dias e servem de combustível para nossas atuações enquanto educadores, finalizou.

O Programa Oguntec promove um conjunto de ações de fomento à ciência, tecnologia e inovação direcionadas para jovens negros/as, por meio de parcerias estabelecidas com escolas públicas do Estado da Bahia. Atualmente, contempla 100 estudantes em 10 escolas parceiras nos municípios de Salvador, Camaçari, Cruz das Alma, Lauro de Freitas e Ilha de Vera Cruz e o Espaço Cultural de Salvador, Ori Aiê.

 

 

Confira abaixo as imagens do encontro

 



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Parcerias: