O Instituto Cultural Steve Biko encerrou as atividades do Programa de Intercâmbio, que ocorre anualmente e recebe pessoas de universidades estadunidense. O jantar de encerramento aconteceu no restaurante Zanzibar, no Santo Antônio além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, e reuniu intercambistas da Pitzer College (Califórnia), além dos parceiros/as de aprendizagem, famílias que acolheram os/as estudantes, entidades parceiras, membros/as da Biko e professores/as.
De acordo com a coordenadora do Programa de Intercâmbio junto ao grupo da Pitzer College (Califórnia), Luciana Reis, este ano o programa contou com mais um desafio que se somou aos demais: a acessibilidades, que foi muito bem solucionado pelo grupo, mostrando a capacidade de manutenção do projeto.
“Para além de lidar com culturas diferentes, no caso receber um grupo misto, esse grupo além dos estadunidenses ele teve também um português, que apesar de estar morando nos Estados Unidos, ele traz todo um arcabouço diferente do próprio grupo, mas tivemos que nos forçar a pensar a questão da acessibilidade, pois tivemos uma estudante que tem nanismo e isso nos faz refletir ainda mais essa questão, que é mais além do que temos discutido ao logo dos anos, a questão do ser negro/a, dentro da comunidade soteropolitana, baiana, brasileira, a questão do racismo, sexismo, a homofobia de forma geral e a LGBTfobia”, afirmou a coordenadora, que continua: “Eu acredito que o saldo é positivo, sobretudo o fato de a gente ter os estudantes, os parceiros de aprendizagem conosco, que são estudantes nossos/as, pra poder interagir do ponto de vista cultural, de língua, está nos locais, como este aqui, o Zanzibar restaurante e de outros movimentos que foram feitos durante o intercâmbio”, finalizou.
De acordo com a intercambista, Nikai Mackie, a experiência foi muito boa. “Minha experiência durante esse intercâmbio foi muito complexa. Muitas oportunidades de crescimento aqui, definitivamente. Alguns momentos foram um pouco difíceis pessoalmente para ajustar algumas coisas. Em geral, eu tive uma experiência agradável e quero voltar ao Brasil no futuro e estudar mais sobre a herança africana na história no Brasil. E tenho esperança de continuar aprendendo português”.
A parceira de aprendizagem, Ada Santos, falou da alegria do grupo e do interesse pela história e cultura do Brasil e fala dos intercambistas. “Este grupo é o que eu tive mais proximidade, eles são muito receptivos, engraçados e muito fáceis de se adaptar. Lourenço estava interessado em como nossa história funciona, como nossa realidade funciona, como as coisas se encaixam e o porquê. Foi muito bom ver Dominique e Juliana interagindo com a gente. Em todos os lugares que fomos, que tinha criança, eles brincaram com elas, aprenderam um pouco com eles e ensinaram também, foi muito engraçado de ver, as danças, as brincadeiras, mas também eles tentando entender como isso se encaixa nas nossas vidas, por que a dança é muito presente na nossa cultura e eles conseguiram pegar muito bem, as aulas de dança afro, eles interagiram e aprenderam muito rápido, sempre felizes e de uma forma muito agradável. E Nikai, que apesar da barreira linguística ela tirou proveito o máximo da experiência, todas as oportunidades que ela teve de treinar, ela colocava a cara a tapa, mesmo sempre muito difícil ela sempre abraçou firmemente e a nikai também aprendeu a sambar de cara, foi incrível!”, disse a parceira.
Uma das máximas do Programa de Intercâmbio conta com as famílias parceiras que acolhem os estudantes durante todo período. Uma representante dessas famílias é Aurea dos Santos, moradora do Tororó, que integra a rede desde 2021. “Em 2021 eu recebi uma viatinamita e este ano eu recebi Nikai e foi uma experiência maravilhosa. Gostei, pois a gente troca ideias, ganha novos conhecimentos, achei maravilhoso e quero continuar recebendo esses intercambistas”, afirmou Aurea, ela foi motivada a receber intercambistas pelas irmãs e pela sobrinha, que estudaram no pré-vestibular do Instituto Steve Biko e, essa última, agora é Assistente Social e trabalha na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Dona Aurea também agradeceu a Biko pelo trabalho importante de auxiliar jovens negros/as a ingressarem nas universidades. “Só temos que agradecer à Biko, que é um instituto maravilhoso, que dá oportunidade às pessoas, inclusive, as pessoas que conheço, que passaram pela Biko, hoje são profissionais gabaritados. É maravilhoso dar oportunidades às pessoas da raça negra, que não têm tanta oportunidade, é bem mais complicado acessarem a cursos, principalmente aqui no Brasil, quem não tem condição financeira boa para pagar cursinho e o Steve Biko dá curso gratuito e sai de lá todo muito preparado, está de parabéns o Instituto Steve Biko”, finalizou Aurea.
Este ano o Instituto Steve Biko recebeu, também pelo Programa de Intercâmbio, professores da Georgia State University (Georgia). Fique atento/a às nossas redes sociais e nosso site para saber mais sobre nossos projetos.