O Enfrentamento do Racismo deve ser coletivo! Esse foi um dos principais aprendizados que os monitores do Programa Oguntec, durante a formação realizada na tarde desta quarta-feira, 10/04, dada pela pedagoga Tarry Cristina Santos.
O Programa Oguntec promove um conjunto de ações de fomento à ciência, tecnologia e inovação direcionadas para jovens negros/as, por meio de parcerias estabelecidas com escolas públicas do Estado da Bahia. Atualmente, contempla 100 estudantes em 10 escolas parceiras nos municípios de Salvador, Camaçari, Cruz das Alma, Lauro de Freitas e Ilha de Vera Cruz.
O objetivo da formação é promover o letramento racial, compreender o papel desenvolvido pela monitoria nas escolas e dar suporte para que os jovens monitores possam estabelecer um diálogo produtivo e saudável com as escolas e com os estudantes. Segundo a coordenadora pedagógica do Programa Oguntec, Cristina Santos, a formação é importante, pois reforça o lugar de atuação do Steve Biko.
“Iniciamos a preparação da monitoria para acesso ao Programa Oguntec 2024 nas escolas públicas parceiras. A professora e escritora Tarry Cristina foi assertiva ao trabalhar a identidade e pertencimento, além dos valores civilizatórios pautados na Circularidade, Oralidade, Memória e Corporeidade para uma convivência Ubuntu, na perspectiva UBUNTU. “Considero importante esses momentos formativos por reforçar os aspectos sócio históricos da instituição cultural Steve Bolo, assim como, permite "criar" uma identidade de troca entre os membros”, reforçou a coordenadora.
De acordo com Tarry Cristina, o monitor precisa atuar na percepção do outro sujeito, o estudante, o gestor e, assim, criar estratégias para compreender a estrutura onde vão atuar, bem como as dificuldades na atuação resolutiva dos problemas. Por isso, é importante ter conhecimento pleno da política institucional da Biko, saber de sua história.
Imagem: Ascom Steve Biko
“É preciso que os monitores saibam da história da Biko, dos/as que vieram antes, pois muitos/as militantes lutaram para conceber isso aqui e, muitos deles/as, tiveram suas infâncias roubadas. Dessa forma, é importante focar na missão da Biko: devolver à juventude o direito de sonhar, sonhar de maneira coletiva, pois, uma carreira solo faz a gente se perder”, falou Tarry.
Samara Duarte, 18 anos, ex-estudante do Programa Oguntec, do Colégio Alberto Valença, bairro São Gonçalo do Retiro, recém aprovada no curso de Letras, na Uninassau, e que agora integra o grupo de monitoria, fala da importância do programa na escolha do curso e na sua vida. “O Oguntec foi uma experiência muito boa, fiz dois anos de curso, passei na universidade e como isso posso atuar como monitora. Eu estou com uma expectativa muito grande, pois, com tudo que aprendi no programa, vou poder ajudar a outras pessoas
De acordo com a monitora de letras, Luana Santos, mesmo com os desafios que estar em uma sala de aula apresenta, existe a satisfação de ser referência para os estudantes, mesmo com as adversidades que todo jovens negro/a passa. “É importante essa monitoria, pois estamos atuando para devolver a esperança aos jovens, mesmo que alguns não se achem capazes de sonhar. Mas, mesmo assim, precisamos conscientizá-los que quando temos acesso à educação, nós podemos acessar outros lugares”.
Imagem: Ascom Steve Biko
A professora Tarry, que já coordenou o Programa Oguntec, fala da emoção de formar os monitores que atuarão pelos próximos dois anos.
“Estou aqui fazendo uma formação para os estudantes depois de 2 anos de “afastamento”. Me renovei. Em alguns momentos a emoção me bateu, pois eu estive várias vezes neste lugar, como professora de Cidadania e Consciência Negra (CCN) e hoje o que fiz foi nada mais que reforçar para estes monitores o letramento racial e ser professora de CCN. Então pra mim hoje foi muito motivador e dizer que eu estou aqui, estou pronta para trilhar caminhos e fazer também com que eles/as busquem outros espaços, outros caminhos. Retornar a Biko sempre foi pra mim renovação. É uma transformação!”, finalizou Tarry.