Expoentes da educação e cultura da Bahia, o casal é referência para a comunidade negra baiana com reconhecimento que ultrapassa as fronteiras do estado
A dificuldade de reconhecer-se como dotada de beleza e características positivas, fruto da colonização portuguesa, sempre colocou a população negra brasileira em um lugar de subalternidade, sobretudo no que tange ao seu fenótipo. Nas últimas décadas, seguindo os ensinamentos e resistência estética dos antepassados, intelectuais negros/as como Sueli Carneiro, Neusa Santos, Joel Zito Araújo, Clovis Moura, entre outros, nos fizeram, e ainda fazem, nos enxergamos em outro lugar na sociedade, o lugar de pessoas capazes e belas, com as suas diferenças físicas e sem nos compararmos com os corpos brancos, pois, somos corpos negros que, além da beleza, trazemos cicatrizes, o que não nos torna menos belos, mas diferentes.
“Negro lindo é pleonasmo/ negro lindo é exclusão/ o negro lindo aí é dispensável/ é exceção é contramão”, são verso imortalizados na voz do professor, cantor e compositor Juraci Tavares, um artista baiano que reforça a beleza do negro/a em suas canções e versos. E para celebrar a exaltação dos negros e negras da Bahia, Juraci Tavares e a professora Elisabeth Tavares serão nossos ilustres homenageados deste ano, dando nome à Turma do Pré-vestibular 2024, que será “Juraci e Beth Tavares”. A homenagem será formalizada na Aula Inaugural da Biko, no dia 21 de março, às 19 horas, na Reitoria do Instituto Federal da Bahia (IFBA), no bairro do Canela, em Salvador.
A mesa do evento será composta pelo presidente de honra do Instituto Silvio Humberto, pelo diretor executivo do Steve Biko, Lázaro Cunha, pela diretora pedagógica, Jucy Silva, além do artista, Nelson Maca. A mediação será da professora e psicanalista clínica, Stael Machado e como mestra de cerimônia, a professora e historiadora, Gleissia Santos.
A merecida homenagem a estes dois expoentes da educação e da palavra, Beth Tavares e Juraci Tavares, é mais um reconhecimento da força da arte e da intelectualidade negra brasileira e baiana, que resistem ao epistemicídio intelectual e à subalternização da arte negra.
Sobre Elisabeth Tavares e Juraci Tavares
Elisabeth de Jesus Piedade Tavares
Elisabeth, carinhosamente chamada pelos amigos de Beth, nasceu em Salvador, no dia 10 de julho de 1953. Formou-se na Licenciatura em Letras pela Universidade Federal da Bahia. Especializou-se em Língua Portuguesa pela Fundação Educacional Severino sombra, em 1991. Em sua atividade profissional atuou como professora no Instituto Central de Educação Isaías Alves, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), entre 1981 e 2006.
Juraci Tavares
Juraci Tavares nasceu em 1950, em Salvador, no bairro da Liberdade. Poeta, músico, radialista, licenciado em Construção Civil e Filosofia pela Universidade Católica de Salvador; licenciado em Música pela Universidade Federal da Bahia; Especializado em Metodologia do Ensino Superior, lecionou Construção Civil durante 32 anos, no Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia. Em 2010 e 2011 lançou as coletâneas de poesia Focus V e VI, cantor e compositor de música popular brasileira, compositor dos blocos afros Ilê Aiyê, Malê Debalê, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy, dos afoxés de Olinda e Recife Oyá Tokolê Afoxé, Oxum Pandá e Alafin Oyó.
Toda sua obra é alicerçada no olhar acadêmico e na sua militância humana, através da participação nos movimentos socioculturais da cidade. É um artista sankofiano e constrói a sua obra musical, humana e literária com a liberdade que lhe é peculiar, por isso vai construindo caminhos sem se preocupar aonde vai chegar.