“Por muito tempo as pessoas me diziam que eu tinha um futuro brilhante pela frente... Ora, uma criança que se formou com 16 anos é glorioso de se ver. Seria muito bom pra ser verdade. Com o tempo me deixei levar pelo sistema, fazendo com que o racismo institucional tomasse autonomia do meu pensar, e com isso acabei me tornando uma pessoa totalmente desacreditada sobre a capacidade intelectual que tinha.”
O relato é de Lucas Carvalho, estudante bikudo recém aprovado na UFBA, onde vai cursar Geografia. “Hoje, aos 22 anos, ingressei na UFBA (um das melhores universidades públicas do país!), um lugar que quando criança achava ser um local de acolhimento para gringo (só via gente branca) e hoje faço parte dela!”, conta feliz.
Uma felicidade que não cabe no peito dele, nem de quem acompanhou sua trajetória – professores, diretores e outr@s alun@s do Cursinho Preparatório da Biko. A alegria é a mesma de Manuelle dos Santos, de 18 anos, que passou em Serviço Social, também na Federal.
Manuelle dos Santos
“Eu nunca me senti tão acolhida em um lugar como me senti na Biko, aprendi muita coisa nesse período sobre minha história e sobre desconstrução. Todas as aulas de CCN, ABC e principalmente os painéis de profissões me ajudaram a escolher qual caminho seguir”, diz Manuelle que tem a certeza do retorno de tanto investimento em si.
“Um dos meus objetivos é passar adiante tudo que aprendi dentro da Biko, influenciar os meus a ocuparem os lugares que nos foram negados, além da assistência que o Serviço Social tem a oferecer”, conta.
De Boa Vista do São Caetano ao Pelourinho todas as noites para estudar junto aos colegas, a jovem Ludmila Thais Souza, de 18 anos, também engrossa essa caldo de vitórias bikudas no Ensino Superior. Ela foi aprovada na UNILAB, pro curso de Letras – Língua Portuguesa.
“A Biko e toda a sua estrutura teve uma grande importância na minha vida, aprendi sobre ser um ser político, ter o pensamento crítico. Decidi fazer Letras, pois poderei escrever e falar sobre minhas vivências como mulher negra”, afirma a jovem.
Ludmila Thais Souza
A gratidão e o serviço é comum em todos eles. "Devo todo o meu agradecimento às pessoas ao meu redor, que nunca deixaram de acreditar na minha capacidade, a mim que, apesar de tudo, nunca desisti de nenhum dos meus objetivos e a essa instituição, Steve Biko, que visto e sempre vestirei a camisa. As Geociências me aguarda!", comemora Lucas Carvalho.
Além destes vitoriosos, a Biko também seguirá nas Universidades por meio de Ana Quésia Xavier, aprovada em Letras Vernáculas (UFBA), Cecília Gabriela Cabral (BI Humanidades - UNILAB), Maria Vitória do Nascimento (Serviço Social - UFBA), Jessica Magalhães (Geografia - UFBA).