Dia Municipal das Ações Afirmativas é marcado por relatos de ex-bikud@s

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Dia Municipal das Ações Afirmativas é marcado por relatos de ex-bikud@s

Dia Municipal das Ações Afirmativas é marcado por relatos de ex-bikud@s


Tomando o Largo do Carmo, a aula pública que reuniu estudantes, professores, colaboradores e militantes marcou a celebração do 25 de abril, Dia Municipal das Ações Afirmativas. Durante a aula, os estudantes conheceram a jornada de egressos do pré-vestibular do Instituto Cultural Steve Biko que estão nas universidades federais e estaduais enfrentando as estruturas racistas e transformando a história.   

“É uma honra estar neste espaço público, ainda hoje é cada vez mais difícil andarmos nas ruas, mas estamos aqui para dizer  que iremos ocupar não só este, mas todos os espaços”, declarou Tarry Cristina Santos Pereira, diretora pedagógicaa do Instituto e gestora municipal. A aula pública reuniu estudantes do pré-vestibular e da Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima.

A pedagoga reforçou que o cenário político atual é ameaçador para os direitos garantidos para as ações afirmativas e a educação no país, mas, mais do que nunca é o momento de união.  “Só iremos sair da condição que nos encontramos com afeto e união. Amor como ato político. Essa aula pública é uma forma de buscar estratégias novas de como iremos guerrear”, afirmou Tarry.

“Vejo esse momento da gente ocupando a rua para esta aula com um orgulho guerreiro”, festejou o vereador Sílvio Humberto, presidente de honra do Instituto e autor do projeto de lei que instituiu a data em 2015 - elaborada em consonância ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012.  “Não podemos esquecer que esta data nos torna encarregados de fazer chegar para toda população negra como algo que não pode ser esquecido”, pontuou.

Bons Frutos pela Bahia e pelo mundo

Um dos egressos do curso é Gleisson Santos, que cursa Letras com Inglês no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA). O estudante lembrou que é necessário estar na universidade para mexer com as estruturas que organizam uma sociedade racista e lembrou que seu maior incentivo para apostar nos estudos foi oriundo do pré-vestibular da Biko.

“Essa é uma teia de trabalho ancestral. Eu nunca havia cogitado sair do Brasil e já fiz duas vezes. Esse é um espaço que nos impulsiona para irmos a outros lugares, mas sem perder de vista voltar pelo coletivo”, relatou. As duas viagens de Gleisson foram em parceria com universidades que apoiam a Biko.

Concluído o primeiro semestre na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira (UNILAB), Akanni Obataye, volta de São Francisco do Conde, do Campus dos Malês, onde cursa Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades. Com alegria em rever amigos e professores na aula pública, o estudante alertou sobre a necessidade de conhecer a própria história.

“Muito dos conhecimentos que são tidos como ocidentais, nasceram de África e foram cooptados e plagiados. É importante entender isso para saber que tudo que acontece nesta noite é viável. Precisamos nos entender enquanto ainda africanos e ainda detentores deste conhecimento”, afirmou Akanni.

Universidade para todxs, racismo para ninguém!

Tayse Barros estuda História na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a primeira da região Norte e Nordeste do país a adotar o sistema de cotas raciais em 2003. Em sua fala, Tayse trouxe um pouco do histórico sobre a implementação das cotas e suas implicações, e lembrou que o sistema vigente é um esforço dos movimentos negros desde a década de 60.

“As cotas incomodam, pois refletem diretamente nas universidades, e para além dela, no mercado de trabalho e outros campos sociais de poder. O estado brasileiro nega nossa existência e possibilidades”, denunciou Tayse. A estudante lembrou que existe um projeto em curso que pretende acabar com o sistema de cotas, mas não se refutou de manter-se em luta.  

A estudante de Biotecnologia pela UFBA Tatiana Damascena disse que nunca deixou de lutar. Quando ela chegou na graduação, encontrou uma universidade preparada para que ela desistisse. “Tudo que estou dizendo não é para que vocês desistam, mas para que acordem, respirem fundo e demos as mãos para seguir na luta”, reforçou a egressa.

“Foi nas aulas de cidadania e consciência negra que eu percebi porque aquelas coisas estavam acontecendo comigo e foi aqui que aprendi como me defender”, explicou a estudante. Para Tatiana o instituto é um espaço importante de fortalecimento.  “A Biko é um útero, que ainda hoje me prepara e que está preparando todos aqui”, afirmou.



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