D. Marli, 56 anos, bikuda e cheia de planos

D. Marli, 56 anos, bikuda e cheia de planos

D. Marli, 56 anos, bikuda e cheia de planos


“Confesso que quando cheguei na Biko, entrei na sala e me deparei com tantos jovens, fiquei um pouco  constrangida...”.

 

Mas tudo logo passou para a bikuda Marli Paula da Silva que, com 56 anos, se sobressai junto aos adolescentes que formam a Turma Tereza de Benguela do Pré-Vestibular 2018 no Instituto Steve Biko. Marli é uma das novas promessas bikudas deste ano, mas sua ligação com o Instituto é de família.

“Conheci através de meu filho, que fez Biko em 2012. Hoje ele está cursando Licenciatura em Artes Cênicas na Ufba”, diz Marli se referindo ao bikudo, Sulivã Bispo, ator que interpreta a personagem Mainha, na série Rédea Curta, veiculada nas Redes Sociais. A idade não constrangeu Marli ao decidir voltar aos estudos, 30 anos após concluir o Ensino Médio. Pelo contrário, a incentivou a buscar na Educação uma nova perspectiva.

“Os alunos são muito legais e respeitadores, me acolheram sem indiferença. Uns me tratam por D. Marli, outros por minha tia (uma forma carinhosa, eu acho). Agora, mesmo com a idade um pouco avançada e a mente não tão fresca, resolvi aos trancos e barrancos voltar a estudar porque, acima de tudo, acredito - como diz o ditado - que o saber morre com seu dono, e que nunca é demais estudar”, afirma segura a estudante.

Corre em Marli a energia que moveu seu filho em 2012, a mesma que move os bikudos de 2018 a buscarem ser a diferença na Universidade, vencer as adversidades no mercado de trabalho e o racismo na sociedade. “Não nego que é uma tarefa bastante difícil, tem dias que bate o cansaço, o sono, a vontade de não ir, mas vou. Agradeço a Deus e ao meu filho, meu maior incentivador, para seguir a caminhada em busca de dias melhores”, garante.

Nas aulas de Cidadania e Consciência Negra (CCN), Marli se fortalece enquanto mulher negra, ciente de seus direitos, sua origem e seu potencial. “Ser Bikuda para mim é ser uma mulher mais forte e empoderada. É ter ciência de meus direitos e, portanto, ir em busca deles numa  sociedade injusta e hipócrita. Penso que a Biko para a juventude é um porto seguro, é uma oportunidade que os jovens devem agarrar com unhas e dentes.

Sobre o futuro, Marli ainda decide. “Eu gosto muito de Artes em geral, Teatro, Música, Dança, Pintura...e como já trabalho com pintura em camisetas, na linha de negras africanas, e  também gosto muito de Artesanato, pretendo cursar BI em Artes pra daí então decidir qual caminho seguir. Quanto a minha trajetória na Universidade - apesar da minha idade - espero obter bastante conhecimento e passar para os jovens o que aprendi”, conclui confiante D. Marli, a Tia Marli, a Mainha que inspirou o também bikudo, Sulivã Bispo a tão bem representar nossas ancestrais.

A Marli, nosso sonho bikudo para ser concretizado!



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