Sessão Especial lotada celebrou 40 anos do legado de Steve Biko

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Sessão Especial lotada celebrou 40 anos do legado de Steve Biko
Sessão Especial 25 anos

Sessão Especial lotada celebrou 40 anos do legado de Steve Biko


Mais uma noite emocionante e memorável na história do Instituto Steve Biko aconteceu nesta terça-feira, 12 de setembro – exatos 40 anos após a morte do patrono da instituição, o líder sulafricano Bantu Steve Biko.

Em Sessão Especial promovida pelo vereador e presidente de Honra do Instituto, Silvio Humberto (PSB), o Plenário da Câmara dos Vereadores lotou de militantes, artistas, fundadores, estudantes, professores e apoiadores da Biko, que prestigiaram a noite, aberta pelo cantor, Lazzo Matumbi e que contou com a presença especial da filósofa, escritora e ativista do movimento negro brasileiro, Sueli Carneiro. 

Entre homenagens, lembranças e notícias do futuro da Biko, a Sessão comemorou o aniversário do Instituto, que completa 25 anos em 2017. Na mesa, comandando os trabalhos, o vereador Silvio Humberto resgatou o início de tudo e ressaltou a importância da Biko na atual conjuntura brasileira.

“Diante dos retrocessos e das reiteradas negativas à nossa ascensão, vemos o quanto o país tem perdido. Sobretudo esta cidade, Salvador, quando vemos todo este potencial que somos não alcançar sua plenitude. É muito não, e o que a Biko veio fazer ao longo destes 25 anos é dizer sim, sim, sim nós podemos. Somos os que aprenderam a transformar as impossibilidades em possibilidades. As dificuldades foram muitas e quando vejo nossa sede no Campo Grande, na encruzilhada do conhecimento, tenho a certeza de que tudo valeu a pena”, disse.

Representando aqueles que fizeram e fazem da Biko uma fonte de grandes talentos e celeiro de histórias transformadoras, a hoje socióloga e eterna bikuda, Rosana Chagas lembrou de sua entrada no Pré-Vestibular. “Mesmo vindo de Fazenda Coutos, um bairro periférico do Subúrbio, eu não compreendia o racismo àquela época, ainda que ele batesse todos os dias em minha porta. Foi na Biko que ganhei esta experiência, pois eu não me percebia negra antes, não sabia quem eu era e que diferença isso fazia. A Biko me transformou como mulher, como intelectual e mãe”, disse Rosana, reforçando a influencia da principal disciplina dada em todos projetos do Instituto: a Cidadania e Consciência Negra – CCN. “Todos profissionais que a disciplina levou para nos conhecer e compartilhar conosco me impactaram. Eu não os via em meu dia a dia, em lugar nenhum, e isso é de um impacto tão grande que só entendemos depois”, afirmou Rosana Chagas.

Desde 1992 promovendo ações afirmativas

A diretora executiva do Instituto Steve Biko, professora Jucy Silva fez um discurso emocionado. Em sua fala, Jucy resgatou a trajetória da Biko e de seus principais projetos, que formaram os mais de 5 mil jovens negros e negras que passaram pela instituição nos últimos 25 anos.

Somente por conta do Pré-Vestibular – mais antigo projeto que originou tudo em 1992 - mais de 1500 estudantes cursam hoje o Ensino Superior. Muitos deles, hoje Mestres/as, Doutores/as, referências em suas áreas de atuação. Um deles enviou mensagem especial à Sessão: o ator Sulivã Bispo, que interpreta a personagem Mainha, do coletivo Frases de Mainha. Em seu vídeo, Sulivã conta como a Biko o formou enquanto homem negro, ator, enquanto pessoa. Confere aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=PTa2-H98LIw&embeds_widget_referrer=https%3A%2F%2Fmanage.wix.com%2F&embeds_referring_euri=https%3A%2F%2Fstevebiko.wixsite.com%2F&embeds_referring_origin=https%3A%2F%2Fstevebiko.wixsite.com&source_ve_path=MjM4NTE&feature=emb_title

“Ao longo destes anos são muitas as trajetórias de superação, determinação e alegrias, não apenas dos bikudos e bikudas, mas também de estudantes negros e negras oriundos dos quilombos educacionais influenciados pelo Instituto Steve Biko e que replicam a CCN, sem perder sua identidade. O Instituto Steve Biko é hoje reconhecido em meio às principais organizações dos movimentos sociais na Bahia e no Brasil, mas para nós o maior reconhecimento se materializa em cada aprovação, em cada depoimento, em cada ascensão intelectual, moral e profissional de nossos estudantes”, falou Jucy Silva, que compartilhou a mais recente estatística da Biko: mais de 40 jovens matriculados em Universidades nos últimos dois semestres.

Jucy também falou de futuro: a Faculdade Steve Biko, que está em construção no Campo Grande, em Salvador. “É um sonho de todos nós, de cada jovem negro que hoje está conosco, ou que já passou por nós. Mas precisamos ampliar parcerias e recursos para dar continuidade à obra e continuar fazendo nossa revolução educacional! Bikudos e Bikudas, colaboradores, amigos parceiros chegou a hora de contribuir, A Biko é nosso patrimônio e depende de nós a concretização deste sonho coletivo”, convocou a diretora.

Essa foi a principal fala da convidada especial da noite, Sueli Carneiro, que pontuou a necessidade de união no movimento negro em torno da sustentabilidade de nossas instituições e projetos. Confira abaixo:

https://youtu.be/lvqI7jzPu2I?si=QaCUkDbqj8xVGdcp

A Sessão Especial contou ainda com a participação da secretária de Promoção da Igualdade (Sepromi), Fábya Reis e da coordenadora de Ações Afirmativas Educação e Diversidade da UFBA, Iole Vanin, que parabenizaram a Biko pela manutenção do legado de Steve Biko em seu projeto pedagógico e projetos. 

A Sessão pode ser resumida nas palavras da bikuda, Rosana Chagas, que descreveu bem como os 25 anos da Biko, os 40 anos de legado deixado pelo líder sulafricano Steve Biko e os mais de 1500 jovens hoje com Ensino Superior se encontram lá atrás, quando tudo começou:

“A Academia tem suas artimanhas pra fazer com que desistamos de falar de nós mesmos. A Biko faz a gente ser resiliente, forte e persistente. Foi lá onde compreendi que se você quer ir rápido, vá sozinho. Mas se quiser ir longe, vá em grupo. A gente só está aqui porque há 25 anos este grupo acreditou que tudo isso era importante. Desistiram de seus projetos pessoais, sozinhos,  pra que estivéssemos aqui em grupo, no coletivo”, afirmou Rosana Chagas, resgatando o provérbio africano.

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