Ela completa o trio de escritoras que estarão no Encontro “Mulheres Negras, Oralidade e Registro – Palavras que Encantam”, ciclo de conversas que ocupará a tarde deste domingo (16), na Trilha Ancestral, que o Instituto Steve Biko promoverá no Parque São Bartolomeu. Lidiane Ferreira Na Trilha, serão realizadas aulas interdisciplinares envolvendo as disciplinas do Pré-Vestibular, começando às 8h30.
À tarde, às 14h, Lidiane se unirá às escritoras às escritoras Lívia Natália e Vânia Melo no Encontro, que pautará suas trajetórias literárias e suas produções. "O que falar do Instituto Cultural Steve Biko? Quando penso na vida me vem na cabeça a palavra “gratidão”.Durante 25 anos, o Instituto Cultural Steve Biko tem possibilitado, através de uma proposta emancipadora, a transformação identitária de indivíduos negros das periferias de Salvador", diz a escritora.
Lidiane tem uma história proxima à Biko, foi estudante do pré-Vestibular, passou pelas aulas de Cidadania e Consciência Negra (CCN) e, como os mais de 5 mil que por lá já passaram, teve a vida transformada. "Me alegra saber que o meu pai viu o anúncio no jornal do pré-vestibular da Biko. Fui caminhando, juntamente com minha mãe, porque não tinha transporte, até a sede da instituição fazer a inscrição. Desde esse dia, minha vida mudou completamente: Eu passei a ser mais questionadora e preocupada com o futuro daqueles que viviam ao meu redor. Fui agraciada pela disciplina CCN, que me proporcionou mudanças externas e internas, que me transformaram hoje nesta mulher empoderada e lutadora", afirma Lidiane.
Esta história de quem já esteve do outro lado será compartilhada com os mais de 70 estudantes que hoje estão onde a escritora passou alguns de seus anos mais "revolucionários". Após as aulas em meio às cachoeiras e matas do Parque São Bartolomeu - espaço ancestral de resistência negra em Salvador - o Encontro com as escritoras fortalecerá as referências positivas dos estudantes. Referências estas que a Biko carrega em seu legado ao longo destes 25 anos - celebrados em julho.
"Além disso, ver mulheres e homens negras(os) ocupando espaços de poder mostrou que “nós podemos”. Em números, fui aprovada em três Universidades públicas, mas isso foi o mínimo frente à revolução que a Biko havia feito em mim. A Biko me ensinou a sobreviver nos espaços em que uma mulher negra da periferia, nunca foi aceita. A Biko trouxe à minha família, o nosso primeiro diploma de graduação, mas ainda trouxe a nossa emancipação. Biko vive!", afirma.
Lidiane Ferreira é professora de Língua Portuguesa e coordenadora pedagógica. Tem, juntamente com dois amigos, um projeto de divulgação das literaturas africanas e afro-brasileiras - o Sarau Enegrescência, que acontece a cada mês. Foi organizadora e uma das poetas da coletânea poética, Enegrescência coletânea poética lançada pela Editora Ogum's Toques em 2016.