Ele é estudante de Relações Internacionais na Pomona College, uma Faculdade de Artes Liberais, em Claremont, Califórnia (EUA). Não tinha expectativas ao saber que viria ao Brasil, pois queria vir com a mente aberta e mergulhar em nossa Cultura.
Assim é Niles Mayan Buford, nosso atual visitante do Programa Biko de Intercâmbio. Niles estará aqui até o final deste mês, imerso na cultura afro-brasileira, compartilhando e trocando conhecimentos e vivências com os bikudos da turma Tereza de Benguela, pré vestibular 2018 da Biko.
E sua experiência tem lhe revelado coisas. “Acredite ou não, aprendi mais sobre os Estados Unidos do que qualquer outra coisa. Morar em Salvador me ensinou muito sobre as falhas da sociedade americana. Muitas vezes, os EUA são retratados como o melhor e mais perfeito lugar para se viver, mas eu rapidamente descobri que não é. Salvador me fez sentir em casa imediatamente, e isso é algo que eu, nem meu povo antes de mim, pode dizer dos Estados Unidos”, enfatiza o estudante.
Niles traz em si as referências das lutas negras pelo mundo, enxerga isso na Biko e em seus projetos e vislumbra os resultados para sua geração e as que vierem. “Para mim, a Biko é mais que um Instituto. É um símbolo e resultado de poderosas mentes negras que se unem para uma mudança maior, cujos frutos, mais do que provavelmente, serão vividos até bem depois da nossa geração ter passado”, diz.
Acesso às aulas do pré, visitas a instituições negras, contato com jovens como ele, tudo em prol de um intercâmbio que vai além do aprendizado da língua. Amplia e leva o trabalho d aBiko para mundo, por meio de jovens como Niles. “Como negros, a educação é uma das nossas armas mais vitais na luta por direitos básicos. Baseado em minhas experiências e interações aqui, a Biko fez e continua fazendo um trabalho incrível, preparando jovens afro-brasileiros para o sucesso em espaços que não foram esculpidos para nós. Para lutar contra os poderes, devemos primeiro entender como a sociedade é construída e as maneiras pelas quais ela nos oprimiu e oprime. Nesse sentido, a Biko está fazendo um ótimo trabalho - de descolonizar nossas mentes e mostrar ao mundo o que ele realmente é”, fortalece Niles.
Após 31 de julho, uma certeza: Niles não será mais o mesmo jovem negro norte-americano de quando chegou aqui. “Depois desse programa, voltarei aos Estados Unidos com uma melhor compreensão da experiência negra. Nunca serei ingênuo o suficiente para acreditar que os negros em outros lugares tem experiências negras diferentes. Voltarei com uma melhor compreensão do que significa ser negro, não só na América ou no Brasil, mas em todo lugar, porque é a mesma luta. Voltarei aos Estados Unidos com uma nova energia, pronto para continuar a luta pelo meu povo. E por isso agradeço muito ao Instituto Steve Biko”, finaliza.
Niles, volte sempre! Coisa de Preto do Brasil para o Mundo!