Os negros brasileiros foram largados à própria sorte. Essa frase sempre aparece quando pensamos nos caminhos da população negra, no Brasil se formos considerar a tal “Abolição da Escravatura”: Quando pensamos que, há 133 anos, finaliza-se um ciclo de cativeiro dos negros e negras no Brasil para iniciar um ciclo de miséria social e de racismo sistêmico, com o qual ainda lutamos até os dias atuais.
Estamos reafirmando que até hoje, a população negra não faz parte do Estado barsileiro, que sai da condição de escravizada sem ser “patriada”. Por isso, o dia após a assinatura da Lei Áurea,dia 14, nada mais significou do que o abandono. Como afirma Steve Biko, ao tratar do sistema de apartheid (sistema irmão da escravidão) uma população “por conta pópria”.
É fato que durante muitos anos, o 13 de maio foi comemorado nas escolas e também nas ruas, mas, por meio de muita consciência racial e social, a comunidade brasileira parou de enxergar a migalha que simbolizou esta data e, passou a olhar sobretudo, para essa população no ostracismo das favelas e periferias que impacta o cotidiano brasiçleiro de ponta a ponta desse país continente. Mesmo os pretos/as e pardas/os sendo parte significante da população do Brasil, 119 milhões de pessoas, ou 56% (IBGE - 2022) ainda estão relegados à uma segunda categoria de brasileiros, uma releitura da estrutura colonial, que nos coloca em desigualdades de acesso à educação, empregos, de salários, de moradia, de saúde, de alimentação e de presença em espaços de decisão, ou protagonistas nos cenários de desvantagem social, com as cadeias e os corpos abatidos pelas balas perdidas ou aquelas que saem dos canos do Estado.
Podemos comemorar o 13 de maio? Claro que não! Mas podemos olhar para atrás e saber que, a partir de muita luta e resistência, encabeçada pelos Movimentos Negros e de Mulheres, ganhamos algumas lutas, outras ainda estamos patinando, mas todo dia é dia de luta!