Luísa Mahim: Liderança ancestral na Revolta dos Malês foi absolvida pela Defensoria Pública da Bahia

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Luísa Mahim: Liderança ancestral na Revolta dos Malês foi absolvida pela Defensoria Pública da Bahia

Luísa Mahim: Liderança ancestral na Revolta dos Malês foi absolvida pela Defensoria Pública da Bahia


Exemplo pela capacidade em agir de forma coesa, harmoniosa e humana, Luísa Mahim, além de Pacífico Licutã, Manuel Calafate e Luis Sanim, são as principais figuras que elaboraram um plano de luta contra o sistema racista da época.

A Revolta dos Malês teve seu ápice na noite de 24 de janeiro de 1835 na cidade de Salvador-Bahia. Foi uma silenciosa e eficaz organização, protagonizada por negros e negras pertencentes ao Islamismo, que contou com a participação de cerca de mil "malês". A noite de 24 de janeiro foi escolhida devido aos festejos na Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Com isso, haveria o esvaziamento do centro da cidade, o que facilitaria a dominação.

Os principais objetivos da Revolta dos Malês consistiam em soltar negros escravizados e conseguir liberdade religiosa. A batalha ocorreu no centro de Salvador com os malês atacando subitamente uma patrulha do exército. Porém, uma denúncia "anônima" alertou os militares sobre os planos revolucionários que emergiram naquela noite. Neste contexto, nem sempre citada pelos historiadores, mas presente através dos contos orais, é inegável a participação de Mahim como figura essencial de articulação da revolução.

O termo "malê" tem origem na palavra imalê e significa "muçulmano" no idioma Iorubá. Também conhecidos como "nagôs", costumavam registrar grande parte dos acontecimentos e transmitiam bilhetes como estratégia de organizar as reuniões e divisão das tarefas, geralmente registrado em lingua árabe.

De acordo com o site Fundação Palmares, Luísa Mahim é pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô e nasceu em Costa da Mina, na África, no início do século XIX (atualmente corresponde ao territórios de Gana, Togo, Benim e Nigéria). Trazida ao Brasil como escravizada e quituteira de profissão, Luísa utilizava os seus tabuleiros como estratégia para distribuir as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam os quitutes.

Luísa Mahim sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Após a Revolta, Luísa foi acusada de conspiração e insurreição contra a Coroa portuguesa. Mas só em 2016, 181 anos após a Revolta dos Malês, é que a Defensoria Pública da Bahia proferiu a sentença de absolvição.

A decisão aconteceu através do projeto “Júri Simulado – Releitura do Direito na História”, uma série pensada pela Defensoria Pública com a proposta de garantir o resgate dos direitos de personagens da história popular que, à época, não puderam exercer a prerrogativa de todo acusado: o contraditório e a ampla defesa efetiva.

Fontes: MAHIN, Luísa. Fundação Cltural Palmares.< https://www.palmares.gov.br/>.

OLIVEIRA, George Roque Braga. Denegrir: educação e relações raciais. Rio de Janeiro: Telha 2021. 174p.



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