Acreditamos que esse é o maior legado deixado pela Revolta dos Malês ocorrida na madrugada de 25 de janeiro de 1835 na Cidade de Salvador. Neste período, com uma população estimada em cerca de 40% de escravizados, a primeira capital do Brasil viu insurgir uma das mais importantes rebeliões contra a escravidão no país.
O levante organizado há 185 anos por negros e negras Mulçumanos ou Malês nos deixa esse legado: Instaurar o medo branco na cidade. Fomos e somos vitoriosos, simplesmente, pela nossa capacidade de nos ver enquanto um grupo, de nos relacionarmos de forma harmoniosa e mais humana.
Estamos aqui neste levante contra as ideias que querem nos aprisionar, seja fisicamente ou mentalmente. Nada foi em vão, resistimos e resistiremos pela memória de
Pacifico Licutan, que foi condenado a receber 1.200 chibatadas, além de tantas outras lideranças que foram fuzilados (as), presos (as), deportados (as) para o continente africano. Queriam que o medo nos afastasse como um grupo, mas só nos ensinaram a sermos mais fortes e a não desistir do que sonhamos.
Segundo vídeo da Fundação Pedro Calmon: "Apesar das poucas horas em que transcorreu o Levante, o evento teve efeitos duradouros. Meses após o movimento, o clima de medo que se espalhou pela Cidade de Salvador permanecia....Apesar do insucesso dos revoltosos, esse foi um movimento significativo para uma época. Para mostrar que a resistência ao regime escravocrata era possível. Causando temor e constrangimento a elite senhorial. Que com suas duras penas, acreditavam arrefecer a aspiração de liberdade de muitos escravos. Porém, suas lições de resistência permanecem alimentando as ações de muitos que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária."
Hoje, estamos trazendo para nossa memória, a importância da capacidade e o potencial que temos quando agimos em prol de um objetivo coletivo. sabemos o quanto o racismo tenta nos tornar mais fracos e fracas quando buscamos alternativas individuais e solitárias. Afinal, temos a memória ancestral do quanto somos inquebrantáveis ao agirmos com e para o coletivo.
Assista ao vídeo: