Neste domingo (19), alunos, dirigentes e professores do Instituto Cultural Steve Biko se reuniram para a 3° edição da Trilha Ancestral no Parque São Bartolomeu, Subúrbio Ferroviário de Salvador. O aulão Pré- Enem deste ano teve como tema a “Revolta dos Búzios, Revolução e suas influências no Brasil, Conspiração do Quilombo Zeferina” e englobou conhecimentos de História, Biologia, Geografia, Matemática, Física e Química com uma junção da disciplina Cidadania e Consciência Negra (CCN). A Trilha recebeu - não só a turma 2018 - mas também contou coma presença de ex-alunos.
A aula aberta no Parque, que é anual, já faz parte do calendário e é uma prática conjunta da disciplina CCN com outras cobradas no ENEM. A CCN é um componente curricular a mais que os alunos recebem durante o período em que estudam para o vestibular na Biko. Tem o objetivo de pautar o amor próprio, a luta e vida do povo negro, além do incentivo para que o aluno busque entender sua ancestralidade, religião e conhecimento da história afrobrasileira.
“A metodologia da Biko agrega o cuidado como o outro e sai do espaço da sala de aula para vivenciar essa relação com a natureza, trazendo para a memória dos alunos esses símbolos de fortalecimento e ancestralidade, o que é muito importante. E por isso a escolha do Parque, que tanto tem de nossa história.”, explica a diretora executiva do Instituto, Jucy Silva.
A estudante Luana dos Santos, 18 anos, que pretende fazer vestibular para Engenharia Civil, contou que “nunca tinha vindo ao Parque, é a minha primeira visita e sei que vou voltar. Mesmo morando aqui próximo, em Plataforma, não sabia e nem fazia ideia do tanto que possui de nossa história até conhecer a Biko - que nos incentiva a ocupar todos os espaços. Achei muito bom ter aula dessa maneira, desse contato com a natureza”, relatou.
A 3° edição da Trilha Ancestral que aconteceu no Parque São Bartolomeu, teve café da manhã solidário, aula interdisciplinar e intervenção poética dos estudantes
Preparação, Fortalecimento e Retorno
Até a chegada do Enem, os estudantes ainda terão algumas aulas que servirão para adquirir mais conhecimentos e o corpo docente do Instituto aposta nesse aprendizado diferenciado e fora do ambiente sala de aula para esta busca. “A Biko tem esse papel de incentivar, tenho a consciência da importância que nós professores temos para com os alunos. Esse tipo de encontro é importante para exercitar o que já fazemos. É colocar em prática, dar continuidade a esse contato com a natureza, a memória e essa interdisciplinaridade tão importante para os estudantes.”, afirma o professor de História, Tácio Matos.
No aulão também foi possível encontrar ex-alunos e estudantes que não fazem parte do curso da Biko, porém não dispensam aprendizado. Como Flávia Menezes, 19 anos, estudante de Letras. “Sempre estudei em escola particular e nunca tive uma experiência assim fora da sala de aula, isso é maravilhoso, que oportunidade fantástica conhecer a história da minha cidade dessa maneira”, disse.
A estudante Camila Morejor, que mora no Equador e está na capital para fazer intercâmbio, também enalteceu essa vivência. “Estou feliz de poder ver essa maravilha no meu segundo dia aqui em Salvador, muito interessante participar da Trilha e poder associar algumas coisas ao meu país. Fascinante ter uma aula ao ar livre, ver de pertinho assim desperta a consciência das pessoas para o cuidado com o meio ambiente.”, disse a acadêmica de Ecoturismo.
Finalizando o percurso e abrindo caminho para as próximas aulas, professores e alunos interagiram juntos em uma intervenção poética. “Muito interessante esse contato com a natureza, ligando uma matéria à outra numa aula de campo. Primeira vez aqui fazendo a Trilha e percebo que é uma forma de motivar as pessoas a terem consciência e cuidar mais”, disse Vinicius Araújo, aluno da Biko e morador do Bairro da Paz. O jovem poeta, que revelou ter dúvida ainda entre três cursos, não demonstrou incerteza alguma ao recitar sua poesia marginal e arrepiar a plateia no auditório.
“A educação ela não pode se efetivar de forma simples e solitária, ela se consolida a partir de atores e espaços, é isso que fazemos aqui. Quando a gente traz a família e nossas crenças, além de aprender conteúdos para o Enem, entendemos e partilhamos a nossa memória” – Jucy Silva.
Fotos: Jamile Menezes
CONFIRA ALGUNS REGISTROS DA TRILHA ANCESTRAL 2018