Oguntec leva Ciência, Empreendedorismo e mudança social ao Garcia!

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Oguntec leva Ciência, Empreendedorismo e mudança social ao Garcia!

Oguntec leva Ciência, Empreendedorismo e mudança social ao Garcia!


Eles estão empolgados, presentes e orgulhosos do que estão construindo. Eles são a 15º turma do projeto Oguntec, que vem – ao longo destes 15 anos – aproximando jovens negros e negras, oriundos de escolas públicas, das Ciências e Tecnologias. Ao longo deste período, a Biko vem fazendo parcerias para a realização do projeto e, este ano (2017), a parceria vem sendo feita com a Dow Química, UFBA, a Faz + Garcia e o Centro Educacional Edgard Santos.??

Desde maio, os 34 estudantes do curso Técnico de Administração do Centro Educacional vem tendo aulas, vivências e desenvolvendo propostas de intervenção no bairro do Garcia em diferentes Desafios: Reuso de Água, Acessibilidade, Energia Solar, Resíduos Sólidos e História, temas que dividem a turma para que, de cada grupo, saia uma ideia inovadora que possa ser aplicada no bairro. O objetivo do Oguntec este ano é, justamente, prepará-los pra interagir com os novos desafios da “sociedade tecnológica”, superando as desigualdades raciais e de gênero.

Toda metodologia do Oguntec é fundada nos seguintes eixos: elevação da escolaridade, inclusão digital, popularização da Ciência, estímulo ao desenvolvimento de ideias para inovação e empreendedorismo. Para este último, os alunos já vem tendo apoio da Empresa Junior, do curso de Administração da UFBA. 

Além, claro, da tradicional disciplina da Biko – Cidadania e Consciência Negra (CCN), que lastreia todo aprendizado. “É uma honra participar do projeto junto ao Oguntec, através do projeto eu pude abranger minhas ideias sobre a importância da mulher em nossa sociedade, sobre a diversidade de gênero, a importância da questão racial, que nos mostra o quanto essas informações estão ligadas e são passíveis de discussão. No Desafio, pretendo sensibilizar a comunidade sobre a importância do resíduo sólido e da educação ambiental, colocando em prática a coleta seletiva do lixo, realizando oficinas para orientar as pessoas sobre o descarte inadequado. Reduzir, Reutilizar e Reciclar, são estes os aliados de uma educação consciente”, enfatiza a aluna, Renata Alves, integrante do Desafio de Resíduos Sólidos.

 

Novos aprendizados e Tutoria

Para todos eles, uma certeza neste caminhar: o Oguntec vem sendo um constante aprendizado. “Eu avalio o Oguntec como uma grande oportunidade, e o diferencial é que eu estou aprendendo muito, conhecendo coisas novas, principalmente na questão da identidade, da autoafirmação, em saber lidar com as diferenças. Quanto ao Desafio, o que na teoria pode parecer fácil, na prática, não é tão fácil assim, pela questão da conscientização. As pessoas ainda não possuem essa educação de economizar água”, frisa Vitoria Silva, estudante do Desafio de Reuso de Água, no qual o grupo vem pensando em estratégias de reutilização da água da chuva que possam ser aplicadas no bairro.

Para o desenvolvimento das ideias, os estudantes vem sendo assistidos por tutores com expertise nas áreas de empreendedorismo e relacionadas aos Desafios. Como complementação, o Oguntec também tem aulas práticas com professores convidados, visitas técnicas, pelo bairro e em instituições para as vivências. “Aprendi que carregamos a memória e história conosco, e são elas que definem nossa identidade. Aprender mais sobre a história do Garcia me fez perceber o quanto a nossa origem, me remete a minha infância, já que cresci no bairro e fui criada por minha família, descendentes dos escravizados que trabalharam na Fazenda Garcia”, explica Ivina Nascimento, que integra o Desafio de História. 

Eles preparam um documentário sobre o bairro, com depoimentos de símbolos da comunidade, Desafio coordenado pela assistente social, Carina Alves, que também é assistente pedagógica do Oguntec. “O grande diferencial do que tem sido feito no projeto, a meu ver, é a experimentação de novas formas de aprender. Trabalhar com os alunos, tendo como referência a comunidade e o contexto em que eles vivem, tem tornado o aprendizado muito mais significativo e interessante. E esse é o retorno que temos recebido deles e delas: como o projeto tem despertado o olhar deles para a comunidade, para a história, para a identidade, para o exercício da cidadania”, diz Carina.

“O desafio é muito interessante, pois vai resgatar a história dos moradores e do bairro. O documentário que vamos fazer irá mostrar que o Garcia tem muita cultura escondida da sociedade. Vou contribuir mostrando novas possibilidades da comunidade de reivindicar seus direitos, como o caso do transporte público, a coleta de lixo, a iluminação, dentre outros tópicos”, elenca a estudante Sirlene Leal, também do Desafio de História.  

Autoestima, Aprendizado e Troca

Como todo projeto da Biko, o Oguntec tem como base a conscientização dos estudantes, enquanto negros e negras. “O Oguntec me acolheu muito bem e vem trabalhando minha autoestima e minha afirmação como mulher negra, os assuntos debatidos em aula, os monitores e alunos ajudam a agregar mais conhecimento. Depois que entrei no curso, venho conhecendo e aprendendo muito sobre o trabalhar em grupo, a ouvir opiniões, compartilhar ideias e ser criativa. Esse projeto está abrindo minha mente e posso dizer que não serei mais mesma depois do Oguntec”, conta Ivina Nascimento.

Já para Selma Lima, o crescimento pessoal é o que mais se destaca. “O Oguntec é um projeto de inovação, de oportunidade de crescimento. A sociedade não dá oportunidades para os jovens negros e, depois do projeto, eu posso dizer que tenho outra visão sobre a minha cultura, me sinto hoje uma pessoa melhor, com outra visão a respeito do mundo em que vivo. Estou crescendo, evoluindo e me desenvolvendo cada vez mais com o projeto”, afirma Selma, que está no Desafio de Energia Solar.

O diferencial também faz parte da vida de Luan Rufino Veríssimo, que está no Desafio de Acessibilidade. Nele, os alunos tem a tarefa de buscar uma solução para as limitações encontradas no bairro para os portadores de necessidades especiais. “Todos nós passamos por barreiras na acessibilidade, além de que podemos entender as dificuldades que pessoas com deficiência sofrem diariamente. Estamos trabalhando em criar soluções com base nas leis e normas que passamos a conhecer em nossos encontros semanais com o tutor. Já fizemos entrevista com uma pessoa com deficiência e vamos ter uma conversa com uma pessoa que é ativista, que luta diariamente em defesa da Acessibilidade. Pra mim está sendo maravilhoso, tenho uma irmã deficiente auditiva e a nossa tentativa irá ajudar", diz Luan. 

Ao final da formação, a melhor proposta elaborada pelos estudantes contará ainda com recursos para o desenvolvimento do protótipo ou MVP (produto mínimo viável), a fim de aperfeiçoar a ideia selecionada, com o patrocínio da Dow Química.



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