O Programa Oguntec promoveu mais um “Rolezinho Tecnológico”, desta vez, mais de quarenta (40) estudantes, das escolas estaduais parceiras do Instituto Cultural Steve Biko, visitaram dois apoiadores do programa: a Ford, em Camacçari, e a Dow Química, em Candeias, ambas na Região Metropolitana de Salvador. O objetivo das visitas foi apresentar como a ciência e a tecnologia envolve o processo de produção dos veículos, no caso da Ford, e de transformações químicas dos produtos plásticos, no caso da Dow Química.
As escolas elegidas para as visitas foram Alberto Valença (Retiro), Nelson Mandela (Periperi), Francisco Franco (Itinga), Mestre Paulo (Bairro da Paz), Carlos Santana (Nordeste), Edgar Santos (Garcia), o Modelo (Camaãri) e o Centro Cultural Orí Aiê (Alto do Cabrito), que se dividiram entre os dias 25 e 26 de setembro. Na Ford os estudantes foram recepcionados por Alexandre Machado, diretor de Desenvolvimento do Produto da Ford América do Sul, que saudou brevemente os estudantes, incentivando-os à participação deles nos processos de seleção da empresa.
Fotos: Ascom Steve Biko
O “Rolezinho Tecnológico” também marcou o encontro de gerações de estudantes do Programa Oguntec, que contaram sobre suas experiências como estudantes e agora como profissionais, a exemplo de Rogério Caldas, formado em Economia como mestrado em Administração Pública, nos Estados Unidos, e que há 13 anos trabalha na Ford, na área de biomateriais, como líder de processos de custos e gestão de biomaterial. De acordo com Rogério, a vinda dos estudantes teve como objetivo impactar a vida deles, mesmo aqueles que, por algum motivo, não continuem na jornada acadêmica ou em uma vida profissional, mas que tenham lembranças significativas dessa experiência.
“Há 13 anos que estou na Ford e tenho tido uma oportunidade muito grande de desenvolver a minha carreira, desenvolver a minha vida profissional e essa oportunidade de trazer os estudantes do Oguntec, do Instituto Cultural Steve Biko, que foi algo que quando surgiu a oportunidade dessa visita na Ford, para mim brilhou os olhos. Não tive essa oportunidade quando eu era estudante do Instituto Cultural Steve Biko. Então, proporcionar isso para esses adolescentes, que a gente sabe que vem de uma realidade onde não tem muitos exemplos positivos e, quando tem, são poucas, pois nós sabemos que o meio termina influenciando mais do que, às vezes, um exemplo positivo que tenha dentro de casa ou mais próximo dos estudantes”, disse Rogério.
Ascom Steve Biko
No caso do ex-estudantes da Biko, Everton Santana, engenheiro mecanico que trabalha no Estúdio de Designer Automotivo da Ford, coordenando os arquivos para produção dos protótipos, a passagem pela universidade, depois ingressar na carreira em uma empresa como a Ford é sempre um desafio que cerca os jovens negros e negras, sobretudos, os vindos de bairros periférico, como é o caso dele, que é morador do Nordeste de Amaralina.
“Esse desafio de ingressar na universidade, de ingressar na Ford foi bastante desafiador, eu não sabia como era a rotina de entrevista, o que deveria ter, o que não deveria. Então, outras experiências foram me capacitando, ou seja, aprendendo com meus próprios erros, aprendendo com minhas próprias limitações, reconhecendo onde eu errei, onde eu sabia o que eu não podia ter, o que eu teria que fazer e fui aprendendo. Ao ingressar na Ford fui aprendendo cada vez mais, pois a Ford tem um suporte muito grande de pessoas para ser seu mentor, então, quando você está diário, cada semestre você tem um mentor diferente, para você conhecer diversas áreas dentro do seu próprio time e, a partir disso, você vai conhecendo cada vez mais, vendo aquilo que você mais se adequa ao seu jeito de ser, ao estilo, à vaga, o que você pode aprender ou melhorar em um processo, então, tudo isso foram de grande aprendizado e até hoje ainda continuo aprendendo aqui dentro o que eu tenho que fazer”, contou o ex-bikudo.
Foto: Ascom Steve Biko
Aderivaldo dos Santos, que trabalha no Polo Petroquímico de Camaçari, que também estudou no Instituto Cultural Steve Biko, conta como foi a experiência como estudante e como trabalhador do Polo. “Eu ia estudar à tarde e à noite eu ia para o vestibular. Eu saía do bairro da Fazenda Grande até a Lapinha e depois ia para Biko. Saía de casa às seis horas da manhã e chegava em casa às 11 horas. Estou feliz, imensamente aqui de ver uma quantidade de mulheres estudando ciência, tecnologia”, disse Aderivaldo, que ainda destacou que nasceu e foi criado no bairro da Liberdade e fica feliz quando vê o interesse de jovens como ele em crescer na vida. “Fico feliz quando eu converso com algum adolescente e que eu consigo trazer um pouco de mim. Não sei se no futuro ele vai sair, mas a gente sabe que o perigo e a violência do nosso país são muito ruins e quando um adolescente vem estudar é muito gratificante”, desabafou.
Foto: Ascom Steve Biko
O Rolezinho Tecnológico é uma das diversas ações desenvolvidas no Programa Oguntec que visam proporcionar a exploração de descobertas em centros de Ciência e Tecnologia para os jovens.
O Oguntec é um programa de educação Science, Tecnology, Enginnering and Math/Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) é realizado pelo Instituto Cultural Steve Biko a mais de 20 anos, por meio de uma ação que congrega um conjunto articulado de ações de fomento à ciência, tecnologia e inovação direcionadas para jovens negros /as das preriferias de Salvador e para outras cidades do estado como Cruz das Almas e Camaçari.
Fotos: Ascom Steve Biko