O assassinato de Mãe Bernadete nos dá certeza de que estamos em um estado real de guerra. E precisamos ter ciência disso pois nossos oponentes se beneficiam do pensamento vacilante. Fomos avisados e avisadas...., preconizaram no início do século vinte, no Congresso Universal de Raças que a população negra não duraria mais do que 100 anos e estão se esforçando para cumprir a meta, a despeito de nossa resistência.
Bernadete Pacífico, 72 anos, Yalorixá, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho -Bahia e coordenadora Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (CONAQ), foi executada de forma covarde com diversos tiros dentro de sua residência e na frente de seus familiares.
Quando se assassina uma mulher negra, idosa, dentro de seu lar e no aconchego emocional dos seus, sendo ela uma mãe em estado permanente de luto por seu filho que também foi assassinado em condições semelhantes há seis anos e sem punição para os culpados, temos aí a demonstração do valor atribuído pelo poder público às pessoas negras. Ela pediu segurança e não teve a atenção suficiente para garantir a sua vida. Garantia para que ela continuasse a fazer o que fazia muito bem: cuidar dos seus irmãos quilombolas e preservar a natureza que é de todos nós.
Mataram uma mulher negra, mãe, uma avó, uma liderança política, uma Matriarca, que estava supostamente sobre proteção do Estado que quando não nos mata, permite que nos tornem órfãos. A sociedade brasileira também é responsável pelos tiros que alvejaram Mãe Bernadete. Estamos em estado de guerra!
Obrigado mãe Bernadete pelo zelo, ensinamentos e boa energia transmitida pelo Quilombo Pitanga dos Palmares sob a sua liderança. Estamos de luto, mas engajados na luta por justiça pela senhora, por seu filho, Fabio Gabriel Pacífico e todas as pessoas que estão sendo eliminadas fisicamente por um estado de violência cultivado por séculos em nosso país e que tem o povo negro como principal alvo.