O projeto Oguntec este ano tem a parceria da Dow Química, que lista - dentre seus objetivos - a busca por soluções inovadoras em setores como a escassez de água, aumento da produção de alimentos e outros. Para isso, estabelece parcerias como esta com a Biko.
Ao final da formação no projeto, a melhor proposta elaborada pelos estudantes contará com recursos para o desenvolvimento do protótipo ou MVP (produto mínimo viável), a fim de aperfeiçoar a idéia selecionada para ebneficiar a comunidade do Garcia, em Salvador.
Em entrevista, o especialista em Cidadania Corporativa para o Brasil, Fábio Mendes fala sobre esta parceria.
Biko - Como a Dow Química vê a Biko no contexto atual - social, racial e cultural?
Fábio Mendes - A Dow apoia a Biko porque entende que o instituto traz um novo olhar para a formação do estudante, na medida em que contribui para a elevação de sua autoestima, através da valorização de sua ancestralidade e a ampliação do seu conceito de cidadania. Hoje, a escassez de talentos, especialmente nas áreas da Ciência, é um desafio para as economias em todo o mundo. De acordo com uma pesquisa realizada em 2016 pela ManpowerGroup, no Brasil, 43% dos empregadores reportam dificuldade em preencher suas vagas e entre essa porcentagem figuram diversas profissões relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Aliado a esse problema está a maneira desigual em que as vagas nessas carreiras são distribuídas entre grupos sociais e raciais no Brasil, assim como as desvantagens socioeconômicas decorrentes dessas desigualdades. Por isso, a Dow acredita que a presença de projetos que lutem contra essa realidade se faz fundamental em uma sociedade marcada pela escassez de talentos e preconceito racial.
"Uma pesquisa feita pelo IBGE em 2016 apontou que, entre os trabalhadores ocupados (90,3 milhões de pessoas), 41,7 milhões se declararam de cor branca (46,2%), 39,6 milhões de cor parda (43,9%) e 8,1 milhões de cor preta (8,9%). Ainda segundo o IBGE, em 2014 os negros representavam 54% da população do país, mas apenas 17% dos mais ricos".
Biko - De que forma a Dow busca estar sintonizada com estas temáticas e como a Diversidade é tratada?
Fábio Mendes - A Dow investe na educação como forma de inclusão da população afrodescendente no mercado de trabalho. A empresa acredita que a principal fonte de inovação contínua são as pessoas. A companhia se envolve em ações para desenvolver os melhores e mais brilhantes cientistas, químicos e engenheiros do mundo, para conectar a Química e a inovação de forma a resolver os desafios mais urgentes da sociedade.A Dow tem a missão de reverter o cenário de desigualdade e escassez de negros e negras nas áreas de Ciência e Tecnologia. A parceria com o projeto faz parte da estratégia de cidadania corporativa da Dow, que prevê, entre seus focos de atuação, desenvolver iniciativas que buscam despertar o interesse e melhorar a preparação dos alunos na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Para fomentar a diversidade no ambiente de trabalho existem, na Dow, grupos de funcionários voluntários. Entre esses grupos está o African American Network (AAN), com o objetivo a inclusão de profissionais afrodescendentes no mercado de trabalho.
Estudantes do Oguntec 2017
Biko - Qual a importância do OGUNTEC, para vocês?
Fábio Mendes - A Dow acredita que a presença de projetos como o OGUNTEC, que lutem contra nossa realidade – escassez de talentos, especialmente nas áreas da ciência, somada à desigualdade em que as vagas nessas carreiras são distribuídas entre grupos sociais e raciais no Brasil – se faz fundamental em uma sociedade marcada pela escassez de talentos e preconceito racial.
Biko - Como a Dow estará presente nesta edição, para além dos recursos financeiros?
Fábio Mendes -Além de apoiar financeiramente o projeto, a Dow incentiva os funcionários a se engajarem em trabalhos voluntários para o OGUNTEC, como dar palestras em temas relacionados às suas áreas de atuação na companhia.
Biko - Ao longo das aulas, o que tem sido mais marcante nos alunos, na sua análise?
Fábio Mendes - O que tem sido mais marcante é o brilho no olho de cada aluno. É possível perceber ali a vontade de aprender e de se desenvolver e de ajudar a comunidade local neste processo. Os alunos têm um genuíno interesse em fazer acontecer – o que é gratificante e reforça a importância e a necessidade de ações deste tipo.
As aulas do Oguntec acontecem todo o sábado no Colégio Edgard Santos, no Garcia. Saiba mais sobre o que os alunos farão pela comunidade aqui.